Infraestrutura de uma parada de 30 anos; Revitalização do Paradão da Rio Branco está programada para 2024

Infraestrutura de uma parada de 30 anos; Revitalização do Paradão da Rio Branco está programada para 2024

Fotos: Nathália Schneider (Diário)

Em uma cobertura de mais ou menos 30 metros, com três bancos e duas lixeiras, o conhecido Paradão da Rio Branco, na avenida de mesmo nome, é uma das principais terminais de ônibus de Santa Maria. No total, passam por ali, 18 linhas. São aproximadamente 75 ônibus por hora, e entre 12 mil e 14 mil pessoas embarcam e desembarcam no local todos os dias. Com cerca de 30 anos, a estrutura na Avenida Rio Branco, próximo da Rua Venâncio Aires, mantém-se a mesma por vários e vários anos, sendo alvo de reclamações por parte dos usuários. As principais queixas são relacionadas à ausência de informações sobre os horários e os itinerários. A falta de proteção adequada quando chove e acessibilidade também são pontos a ser melhorados, segundo os entrevistados.


A curto prazo, o Instituto de Planejamento (Iplan) está finalizando o projeto para revitalização imediata do ponto. O presidente do órgão, Ewerton Falk, indica que a prioridade é a acessibilidade e a renovação da estrutura com limpeza e pintura. No entanto, na prática, os santa-marienses só verão mudanças no primeiro semestre de 2024.Já a médio e longo prazo, o secretário municipal de Mobilidade Urbana, Orion Ponsi, indica que há um projeto maior, que prevê um terminal de ônibus na Região Centro. O estudo está em andamento e deve ser concluído até final do ano.


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Os desafios do principal ponto de ônibus do município

Aparecida Mozzaquatro, 58 anos, reclama da estrutura, principalmente pela segurança.


No horário de maior movimento no turno da manhã, a partir das 8h, cerca de 45 veículos chegam no paradão. Neste tempo, 250 pessoas embarcam e desembarcam. Entre elas está a professora Aparecida Mozzaquatro, 58 anos. Preocupada consigo e com os dois filhos que usam o mesmo ponto, principalmente à noite, ela detalha os incômodos com a estrutura.


– Poderia ser fechado, por causa do tempo ruim quando chove. Até a pintura poderia ser renovada, pois eles estão renovando o Calçadão e a cidade seria mais bonita. Deveria ter mais guardas por causa da violência. Meus filhos frequentam à noite, fazem universidade na UFSM e a prioridade seria segurança – dimensiona Aparecida.


O Paradão também é local de embarque diário para a professora Isadora Foletto, 23 anos. A ida ao trabalho é sempre um transtorno nos dias de chuva.


– Poderia ser um pouco maior, porque se a chuva vem mais assim (com vento), molha tudo, mas o resto eu acho que está ok, porque normalmente você não fica muito tempo aqui (esperando), então o restante está bom, só esta questão da chuva que não.


"Uma estrutura absurdamente ultrapassada", frisa representante da ATU


 A limpeza, a estrutura e a adaptação a novas necessidades aparecem entre a lista de apontamentos do representante da Associação dos Transportadores Urbanos (ATU), Edmilson Gabardo, quando o assunto é o Paradão da Rio Branco. As reclamações dos usuários chegam até a associação.


– Obra de infraestrutura de transporte público feita há mais de 30 anos. Horrível. Não protege do frio, da chuva e sem acessibilidade. Não tem local para carregar o celular. As pessoas só reclamam. É uma estrutura antiga sem nenhuma cara nova e alteração.


Gabardo salienta que Santa Maria com um aplicativo, o Urmob, mas ressalta que nem todo mundo o tem:


– As pessoas gostam de chegar em uma parada e ver o nome da linha que vai passar, com mapa da cidade e o desenho da linha – reivindica.


Novos usuários sem orientação

Ter uma parada central com informações é importante para orientar as pessoas recém chegadas à cidade, já que o município é conhecido por acolher milhares de cidadãos todos os anos, seja por ser um polo educacional, militar ou por outros motivos. Por exemplo, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) tem cerca de 21 mil estudantes no campus-sede. Destes, 1,3 mil ingressaram no primeiro semestre de 2023 e são de fora de Santa Maria.


Perguntando para o motorista, Marlene Aires, 55 anos, consegue usar o transporte público de Santa Maria.

A aposentada Marlene Aires, 55 anos, retornou à cidade depois de morar mais de 30 anos fora e, agora, usa constantemente o transporte público. Um dos pontos negativos, afirma ela, é a falta de orientação.


– Uso muito o ônibus. No dia de chuva é muito ruim. Está faltando muito banco. E como eu não conheço aqui direito, fico perguntando para o motorista e nem ele dá a informação correta. Ficamos assim, tentando adivinhar. Falta muita coisa  – reclama Marlene.    


Mobilidade de Santa Maria não prioriza quem deveria

Para todos os municípios do Brasil com mais de 20 mil habitantes, como é o caso de Santa Maria, as prioridades do Plano de Mobilidade Urbana devem seguir uma sequência, alerta o coordenador do Laboratório de Mobilidade e Logística (Lamot), Alejandro Ruiz Padillo.


Conforme ele, a cidade vive praticamente uma pirâmide invertida, com a prioridade para carros e motos e, por último, as calçadas para os pedestres. Quem vive este cenário é a dona de casa Maria Horácia da Silva Pinheiro, 60 anos. De muleta, o acesso até o embarque é difícil e a espera pelo ônibus também:


– A gente chega aqui, não tem nem lugar para sentar e eu não posso ficar de pé. 


Nas pesquisas desenvolvidas no Lamot, a acessibilidade é um ponto de retrocesso e que precisa avançar:


– Temos que destacar que o Bairro Centro é um dos melhores pontos da cidade com relação às calçadas. E no caso em particular do Paradão da Rio Branco, até que a infraestrutura da calçada não esteja tão ruim, existem outros problemas como, por exemplo, de largura. Às vezes fica meio estreito. Existem graves problemas de acessibilidade para pessoas com deficiência e idoso. O caminho de acesso às paradas está prejudicado.


O que deveria ser prioridade

pirâmide mobilidade de Diário de Santa Maria


Prefeitura está ciente das críticas e planeja mudanças

Conforme o secretário de Mobilidade Urbana, Orion Ponsi, a última operação no Paradão da Rio Branco foi em março deste ano, quando foram repostas algumas grelhas metálicas (grades no solo), que foram roubadas. Algumas partes da estrutura também foram pintadas devido à deterioração causada pelo tempo.  


– Está claro que aquela estrutura não serve mais para Santa Maria. Atualmente comprometida, não tem adaptação mínima para um cadeirante, por exemplo. Ela tem disposições de grelhas inadequadas para um abrigo de terminal de transporte coletivo. Tem também questões como o pavimento de solo e outros detalhes técnicos. É exatamente isso que a gente está trabalhando a partir do Plano Diretor do Transporte Público – detalha o secretário.


O estudo para o terminal de ônibus na região centro

Segundo Ponsi, a pasta, junto com o Instituto de Planejamento de Santa Maria (Iplan), estuda a possibilidade de modificações no sistema de paradas que engloba os paradões Tancredo Neves, Riachuelo, Igreja Mediador, Sicredi/Catedral, Banco do Brasil, Sbofa e Rio Branco.


Conforme ele, há uma agenda de reuniões durante outubro com o Iplan para apresentar os dados de mobilidade urbana e prosseguir com o projeto. Após esta etapa, será apresentada a viabilidade de um terminal de embarque e desembarque na Avenida Rio Branco e a instalação de corredores preferenciais para ônibus, nas ruas Riachuelo, André Marques e na Avenida Presidente Vargas.


Além disso, no projeto deve conter a estrutura física para que linhas das outras seis paradas passem para o Paradão da Rio Branco.  


O solo, bancos, lixeiras, cobertura, tamanho e a logística do trânsito ainda está em estudo. Conforme o secretário Orion Ponsi, até passar por estas fases não é possível saber sobre orçamentos e fontes de financiamento.


O trabalho com o projeto iniciou em 2019, com o levantamento de dados para o Plano Diretor de Mobilidade Urbana e o Termo de Referência para licitação de transportes. Conforme o secretário, o plano interrompeu o processo, que retorna após este período.


Por que não temos outros modelos de parada? 

Na explicação do presidente do Instituto de Planejamento (Iplan) de Santa Maria, Ewerton Falk, as paradas no município são projetadas conforme a cultura local, logo, modelos como o de Curitiba, referência para o setor, não podem ser replicados. 


– As paradas que se assemelham a túneis ou blocos redondos são inviáveis no verão em Santa Maria pelas condições climáticas. E não dá para pensarmos em praticamente todas as paradas com refrigeração quando estamos em um tempo de práticas sustentáveis – ilustra Falk. 


A decisão para o atual modelo leva em consideração uma pesquisa de mercado dos materiais, e condições como quantidade de vento, calor, diferentes terrenos e pisos para aplicação das paradas.  


Por que as pessoas usam pouco transporte público

  • O Laboratório de Mobilidade e Logística (Lamot) da UFSM ouviu 700 pessoas residentes no Rio Grande Sul durante e depois da pandemia. Em Santa Maria, foram entrevistadas 200 pessoas
  • Entre os resultados, 70% dos participantes indicaram que a limpeza e iluminação das paradas de ônibus são pontos importantes na decisão pelo uso
  • Estes dois pontos impactam na sensação de segurança do local

Paradão da Rio Branco

  • Principal parada de Santa Maria, pois recebe o maior número de linhas e grande fluxo de pessoas
  • São 18 linhas
  • Média diária de 75 ônibus por hora 
  • Antes da pandemia – Cerca de 18 mil embarcam e desembarcam por dia
  • Atualmente – 12 a 14 mil embarcam e desembarcam por dia
  • Redução em torno dos 35

*Dados da ATU

A renovação do Paradão da Rio Branco 

  • Em fase de finalização, a revitalização prevê limpeza, pintura e adaptações para acessibilidade. Não foi apresentado pelo Instituto de Planejamento quais serão as modificações de acessibilidade
  • O projeto da finalização deve ser concluído este ano, e o início do trabalho no primeiro semestre do ano que vem, conforme Iplan
  • Já o terminal de ônibus será discutido até o final do ano
  • As mudanças no Paradão da Rio Branco como solo, bancos, lixeiras, cobertura, tamanho, fazem parte do estudo para o terminal do ônibus
  • O terminal pode modificar a dinâmica das sete paradas da região Centro – Tancredo Neves, Riachuelo, Igreja Mediador, Sicredi/Catedral, Banco do Brasil, Sbofa, da Rio Branco
  • Até passar por estas fases não é possível saber sobre orçamentos e fontes de financiamento


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